Diabetes: aprovada a primeira insulina inalável do Brasil

Diabetes: aprovada a primeira insulina inalável do Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a comercialização da primeira insulina inalável do Brasil. O medicamento, batizado de Afrezza, virá na forma de pó, em cartuchos com três tipos de dosagem, e poderá ser usado tanto para o diabetes tipo 1 quanto para o tipo 2. Para utilização, o paciente diabético deve encaixar o cartucho no inalador e aspirar o pó. A substância chega ao pulmão e é absorvida pela corrente sanguínea, onde cumpre a função de reduzir os níveis de açúcar no sangue.

Ao contrário da insulina injetável, até então a única versão disponível no Brasil, a Afrezza não exige refrigeração, o que facilita o transporte e armazenamento, além de reduzir o número de aplicações diárias, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente. Apesar disso, especialistas ressaltam que a medicação tem limitações, incluindo a pouca variedade de dosagens, a contraindicação para pacientes com problemas pulmonares e menores de 18 anos, além de não ser capaz de substituir todas as aplicações diárias do medicamento.

De acordo com a Biomm, empresa responsável pela fabricação e distribuição do produto no Brasil, a insulina inalável deve estar disponível para compra a partir do quarto trimestre do ano, dependendo do processo de registro de preços pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). O valor do produto ainda não está definido, mas nos Estados Unidos, onde já é comercializado desde 2015, a menor dose (quatro unidades) custa 3,80 dólares (cerca de 14,80 reais). Já o kit mensal custa entre 150 e 400 dólares (580 e 1.550 reais).

Como funciona?

A modalidade inalável pode substituir somente as aplicações de insulina de ação rápida ou ultrarrápida, também chamadas de bolus. Esse tipo de insulina é utilizada geralmente antes de cada refeição, quando o organismo precisa de um volume maior do hormônio para compensar o açúcar ingerido. O outro tipo de insulina, a basal, de ação mais lenta, é geralmente aplicada somente uma vez por dia e não poderá ser substituída pelo produto inalável.

“Se o paciente diabético tem um tratamento nesse esquema basal-bolus, ele costuma fazer pelo menos quatro aplicações por dia: uma basal e três bolus, no café da manhã, almoço e jantar. Se passar a usar a inalável, ele diminuiria de quatro aplicações diárias para uma aplicação. Seria um ganho de qualidade de vida, mas não substituiria totalmente a injetável”, explicou Lívia Porto, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Mais fácil

Para os fabricantes, a facilidade de manuseio e uso da Afrezza representa um avanço na qualidade de vida dos pacientes. “No momento das refeições, o paciente muitas vezes tem que utilizar a insulina em uma situação social, fora de casa, e, com a inalável, o procedimento pode ser mais rápido e discreto. O inalador cabe na palma da mão. É uma grande inovação na forma de aplicar”, afirmou Heraldo Marchezini, CEO da Biomm.

Ele disse ainda que o produto pode ser usado tanto por pacientes com diabetes tipo 1 quanto por portadores do tipo 2 da doença. No entanto, como a maioria dos diabéticos tipo 2 faz tratamento com comprimidos e não com insulina, os principais beneficiados pelo novo produto seriam os pacientes com diabetes tipo 1, cujo tratamento obrigatoriamente inclui aplicação de insulina.

“No caso do diabético tipo 2, a Afrezza seria indicada somente para aqueles pacientes que não estão conseguindo controlar a glicemia somente com medicação via oral”, explica Freddy Eliaschewitz, assessor científico da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e diretor do Centro de Pesquisa Clínicas CPclin, instituição brasileira que participou dos estudos da insulina inalável. Segundo o especialista, dos cerca de 15 milhões de brasileiros que têm diabetes, estima-se que 10% possua o tipo 1 da doença e 90%, o tipo 2.

Fonte: Veja