Fonte: Medicina S/A
Foto: Reprodução/Medicina S/A
Dados da OMS estimam que até 2050 o número de pessoas acometidas com algum tipo de demência deve triplicar, subindo para 150 milhões de indivíduos. A demência e o Alzheimer acabam se confundindo pelo esquecimento de fatos que comprometem o dia a dia de pessoas que sofrem por essa perda cognitiva, segundo a professora e geriatra Claudia Kimie Suemoto, da Disciplina de Geriatria do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP. Ela explica que “a demência resulta de uma variedade de doenças e lesões que afetam o cérebro. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência e pode contribuir entre 60% e 70% dos casos”. A demência não afeta exclusivamente pessoas mais velhas. A OMS estima que até 9% dos casos tiveram início precoce (antes dos 65 anos).
A geriatra diz ainda que a perda funcional caracteriza a fase da demência, que pode ser leve, moderada ou grave. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), 55 milhões de pessoas vivem com demência no mundo. A população deve se preparar de forma saudável para enfrentar a sua velhice e saber que vários fatores de risco podem ser evitáveis. Entre estes, a baixa educação, perda auditiva, hipertensão, obesidade, tabagismo, depressão, isolamento social, inatividade física, diabetes, consumo excessivo de álcool e poluição do ar.
A especialista da USP alerta que, além da população, a saúde pública também deve fazer a sua parte. “É muito importante que os gestores de saúde tenham uma política de diagnóstico e cuidados com essas pessoas e familiares envolvidos.”
Cuidados especiais
A pessoa com demência – nas fases moderada e grave – sempre vai precisar de cuidados especiais. Em países como o Brasil, em que é grande a desigualdade social, o cuidador normalmente é um familiar, o que compromete ainda mais a renda da casa. “Esse cuidador familiar é alguém da família que não trabalha ou que deixa de trabalhar”, avalia Claudia. Em caso de contratação de uma pessoa de fora, é importante ter referências e acompanhar de perto esse atendimento. A cura da demência ainda está longe de ocorrer, mas a ciência e a pesquisa avançam a cada ano e isso pode ajudar a diminuir o quadro da doença em um curto prazo de tempo.
O Brasil tem desenvolvido políticas públicas voltadas para a demência no Brasil e a Universidade de São Paulo tem focado na prevenção da doença. “Desde 2023, as políticas públicas têm avançado no País e a USP tem focado na prevenção com ações que estão em relatório emitido pela instituição”, finaliza. O relatório brasileiro mostra que 80% dos casos de demência no Brasil ainda não foram diagnosticados, ou seja, a pessoa tem a doença mas não recebe os cuidados necessários, o que impacta sobremaneira a saúde pública do País. Além disso, em junho de 2024 foi aprovada uma lei de cuidados e proteção à pessoa com demência no Brasil. (Com informações da Agência Jornal USP / Por Sandra Capomaccio)