Estudo inédito aponta que cirurgia bariátrica imediata evitaria quase 2 milhões de novos pacientes com diabetes

Estudo inédito aponta que cirurgia bariátrica imediata evitaria quase 2 milhões de novos pacientes com diabetes

Mais da metade dos elegíveis à cirurgia bariátrica desenvolveriam diabetes tipo 2 em um período de até 20 anos se não realizassem a cirurgia, sobrecarregando o custo do tratamento das doenças relacionadas à obesidade no Brasil

Já é sabido que o tratamento das doenças associadas à obesidade é substancialmente caro ao sistema de saúde. Mas a projeção do custo-efetividade em realizar a cirurgia bariátrica em pacientes elegíveis imediatamente, com espera de dois, quatro e sete anos é o foco do estudo econômico inédito “The waiting time for gastric bypass: how long should the healthcare system tolerate?”, realizado pela Johnson & Johnson Medical Devices em parceria com o médico especialista em cirurgia bariátrica Ricardo Cohen – Coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que teve como autores Alexandre Luque e Silvio Junqueira – Gerentes de Economia da Saúde e Acesso ao Mercado da Johnson & Johnson Medical Devices e o cirurgião.

Os dados mostram que 52,27% dos analisados desenvolveriam diabetes tipo 2 em um período de até 20 anos se não realizassem a cirurgia, ao passo que se o procedimento fosse realizado imediatamente, esse percentual cairia para 24,46%. Já se o paciente fosse operado após aguardar durante 7 anos, seu risco de diabetes tipo 2 aumentaria para 35,14%. Isso demonstra que a falta do tratamento adequado poderia acrescentar ao sistema de saúde brasileiro 1,83 milhão de pessoas com diabetes tipo 2, que se uniriam aos 12 milhões de diabéticos atuais no país, estimados pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB).

“A cirurgia bariátrica imediata não somente evita as doenças associadas e seus custos, como leva à remissão e controle do diabetes tipo 2 já existente em muitos obesos, eliminando as medicações e garantindo melhor qualidade de vida. De acordo com o estudo, a não realização da cirurgia bariátrica elevaria a porcentagem de diabéticos significativamente”, alerta Alexandre Luque, Gerente de Economia da Saúde e Acesso ao Mercado, da Johnson & Johnson Medical Devices.

O risco de morte também aumenta substancialmente pela falta do procedimento ao final de 20 anos, chegando a um risco adicional de 79% se a cirurgia não for realizada. A análise dos dados mostra que 27,57% dos pacientes que não forem submetidos à cirurgia bariátrica podem chegar à morte, enquanto que se a cirurgia for feita de forma imediata, o índice cai para 15,39%. Pegando como base os mesmos patamares de acesso à cirurgia do setor privado, se 9% dos elegíveis atendidos pelo SUS fossem submetidos à intervenção imediatamente, 40 mil vidas seriam salvas e 164,7 mil pacientes deixariam de desenvolver o diabetes tipo 2 nos próximos 20 anos.

Assim, os resultados indicam que a melhor relação custo-efetividade é a cirurgia imediata, comparada com qualquer outro tempo de espera, já que a obesidade é uma doença com dezenas de comorbidades crônicas que impactam na saúde e na expectativa de vida do paciente, além de gerar custos adicionais significativos ao sistema público de saúde.

“A espera pelo tratamento cirúrgico é catastrófica, mata mais pacientes, provoca mais eventos cardiovasculares, como o infarto, e aumenta o número de diabéticos no país; além de outros riscos associados à obesidade, como o câncer, que não fez parte da simulação”, ressalta o cirurgião geral Ricardo Cohen. “E como se não bastasse, a simulação observou que os pacientes que esperam para receber o tratamento cirúrgico vão viver menos e com pior qualidade de vida”, concluí o médico especialista em cirurgia bariátrica.

“The waiting time for gastric bypass: how long should the healthcare system tolerate?”

O trabalho foi baseado no Modelo de Markov de Microssimulação, no método em 90,7% das simulações, mesmo nos piores cenários, a dominância da cirurgia imediata prevaleceu. O método simula o que vai acontecer com os pacientes do sistema de saúde, em 20 anos, utilizando-se de dados do SUS.

Obesidade e cirurgias no Brasil

Dados da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), de 2014, revelam que no Brasil, 52,5% da população está com sobrepeso e 17,9% obesa3. São elegíveis à cirurgia bariátrica pessoas com IMC (Índice de Massa Corpórea) entre 35 e 40, associado a comorbidades, ou com IMC superior a 40 com ou sem comorbidades. Segundo o DataSUS, em 2015 foram realizadas 7.5414 cirurgias bariátricas no sistema público e 88 mil no sistema privado.

Segundo a OMS, um alto índice de IMC aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes, desordens musculoesqueléticas (como artrite e degeneração das articulações) e determinados cânceres. Além disso, o tratamento clínico das complicações do excesso de peso é custoso para o sistema de saúde: em 2011 o Brasil registrou despesas na ordem de US$ 269,6 milhões com o tratamento de doenças relacionadas à obesidade, segundo dados de um estudo do Ministério da Saúde e o impacto das doenças relacionadas à obesidade sobre o PIB brasileiro chega a 2,4%, pois afeta não somente os gastos com tratamento, mas também a produtividade e os dias trabalhados.

 

Problema mundial

· A obesidade é um problema mundial e um dos maiores desafios na área de saúde deste século, que resulta em forte impacto para os sistemas de saúde e economia

· Segundo a OMS, 1,9 bilhão5 de adultos estão acima do peso ao redor do globo - o que representa 30% da população mundial

· O impacto econômico anual do tratamento de comorbidades relacionadas à obesidade é de cerca de US$ 2 trilhões no mundo

· No Brasil, a doença acomete mais da metade da população brasileira (52,5%)2

· 4,5 milhões3 de brasileiros são elegíveis para a cirurgia bariátrica para tratar a obesidade

· Somente no SUS, 3,5 milhões3 de pacientes acima do peso ou obesos se beneficiariam com a cirurgia bariátrica

· Dados do DataSUS demonstram que foram realizadas apenas 7.541 cirurgias4 no País em 2015, atendendo 0,21% dos pacientes elegíveis.

Fonte: Segs