Uma gota de sangue pode diagnosticar câncer de pâncreas em oito minutos
Já imaginou conseguir diagnosticar uma doença grave, como o câncer de pâncreas, em apenas oito minutos? Um grupo de pesquisadores do campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um novo biossensor capaz de detectar a doença em tão pouco tempo e com apenas uma gota de sangue. O resultado é cinco vezes mais rápido do que o método tradicional e os custos do teste são bem menores.
Os cientistas separam o plasma presente na amostra e colocam sobre o sensor, uma tira de vidro com eletrodos de ouro. Dentro do dispositivo, há um pó à base de quitosana, substância encontrada em crustáceos como o camarão, capaz de identificar a proteína CA 19-9, que pode indicar a presença da doença, explicou o pesquisador Andrey Soares. "Quanto maior a concentração das proteínas no sangue, maior é o risco da pessoa desenvolver o câncer de pâncreas."
O grupo do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) trabalha há quatro anos no biossensor, tema de publicações em revistas científicas internacionais. Uma das vantagens da nova técnica é a redução do tempo necessário para o resultado. O exame pode ajudar ainda no diagnóstico precoce, aumentando a possibilidade de tratamento desse tipo de câncer, que é bastante agressivo. "O câncer de pâncreas tem uma alta taxa de mortalidade, mais de 90% desses pacientes, lamentavelmente, vão a óbito", explicou o geneticista Matias Eliseo Melendez.
Os primeiros testes foram feitos com sangue de animais e de pacientes do Hospital de Câncer de Barretos, onde Mendelez atua, e a expectativa é que possam ser realizados em outras unidades. "Os biossensores que a gente está desenvolvendo poderiam ser usados inclusive dentro do consultório médico", ressalta.
Outra vantagem está no custo do teste. "O exame tradicional custa cerca de R$ 45 e nossa estimativa é que o exame que estamos desenvolvendo possa custar de R$ 5 a R$ 6 e possa estar disponível em dois ou três anos, dependendo do investimento", afirma o professor do IFSC Osvaldo Novais de Oliveira Júnior.
Fonte: Site G1 (São Carlos/Araraquara)