Segundo estudo, alguns problemas relacionados ao zika aparecem apenas depois do parto

Segundo estudo, alguns problemas relacionados ao zika aparecem apenas depois do parto

Mais de um ano após os médicos brasileiros começarem a suspeitar da relação entre o zika vírus e a onda de nascimento de bebês com má formação, uma nova preocupação está tomando forma: mesmo aqueles que pareciam normais após o parto podem ter carregado algum problema por causa da contaminação.

Um novo relatório produzido por pesquisadores brasileiros e norte-americanos detalha casos de diversas crianças infectadas pelo zika durante a gestação e que nasceram com o tamanho do normal da cabeça, mas que desenvolveram microcefalia com poucos meses de vida, quando o desenvolvimento do cérebro e do crânio começou a desacelerar.

Os achados, publicados esta terça-feira pelo Centro dos Estados Unidos para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), são o mais novo ataque a um vírus que, pouco tempo atrás, era visto como tão benigno por parte dos cientistas que poucas pesquisas focavam nele. Agora, o zika é ligado não apenas à microcefalia, mas a outras formas de má-formação que se tornam aparentes após o nascimento da criança.

“Quanto mais a gente aprende, mas preocupado fica”, afirmou o diretor do CDC, Tom Frieden, em uma entrevista. O estudo enfatiza “tanto a importância de mulheres grávidas não viajarem para áreas afetadas pelo vírus como a necessidade de um acompanhamento próximo dos bebês nascidos de mulheres infectadas”.

No início do mês, o Ministério da Saúde do Brasil anunciou que iria estender o limite para o monitoramento de crianças suspeitas de terem contraído o vírus para três anos.

Eduardo Hage Carmo, diretor do Departamento de Vigilância e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, afirmou que dois estudos brasileiros mostraram que entre 15% e 20% das crianças com problemas relacionados ao zika não mostraram sinais de microcefalia durante o nascimento. “Não é possível falar em um limite de idade para a manifestação dos problemas relacionados a ele em uma criança”, afirmou.

O novo estudo foi co-produzido por Vanessa van der Linden Mota, uma neurologista pediátrica da cidade de Recife, que ajudou a alertar sobre o problema da microcefalia no ano passado.

Ela e outros doutores e pesquisadores acompanharam o desenvolvimento de 13 crianças por diversos meses após o nascimento em Pernambuco e Ceará durante o epicentro de a explosão de microcefalia, no ano passado. Todos eles apresentaram um tamanho de cabeça normal quando nasceram, embora onze deles tivessem apresentado um tamanho de cabeça pequeno o suficiente para um acompanhamento mais de perto.

O crescimento dos crânios desacelerou em todas essas crianças entre o 5º e o 12º mês de vida. Onze delas desenvolveram microcefalia, mostrou a pesquisa. Esse desenvolvimento foi acompanhado de uma “disfunção neurológica significativa”, de acordo com o estudo, que citou outros efeitos, como convulsões e deficiências motoras.

Os achados, publicados apenas quatro dias depois de Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que o zika não é mais uma emergência de saúde global, sublinham o que muitos lideranças do setor reiteraram após o anúncio: que o zika permanece como uma crise que merece máxima atenção. Fonte: Dow Jones Newswires.

Fonte: Isto É