Análise crítica do papel da testosterona na função erétil

Análise crítica do papel da testosterona na função erétil
A modulação androgênica da função erétil (FE) é amplamente aceita. No entanto, como alega Andrea Isidori et al. em seu estudo publicado em European Urology, o uso do tratamento de reposição de testosterona (TRT) em homens com disfunção eréctil (DE) gerou um debate sem precedentes.
 
Portanto, a equipe se propôs resumir os dados relevantes sobre a incidência, o diagnóstico e o tratamento da DE coexistente com hipogonadismo e desenvolver um algoritmo de tratamento com base na fisiopatologia.
 
Para isso, revisaram a bibliografia médica relevante, com particular ênfase em estudos moleculares originais, dados observacionais prospectivos e estudos controlados randomizados que foram realizados nos últimos 20 anos.
 
Os autores explicam que a testosterona modula praticamente todos os componentes envolvidos na FE desde os gânglios pélvicos até o músculo liso e células endoteliais dos corpos cavernosos. Também regula o momento do processo eréctil como função do desejo sexual, coordenando a ereção peniana com o sexo. Assim, mencionam que estudos epidemiológicos confirmam a significativa sobreposição de hipogonadismo e DE; no entanto, a maioria das orientações não consideram o diagnóstico diferencial de hipogonadismo nem a relevância da doença subclínica.
 
Várias ferramentas clínicas podem ajudar o médico a avaliar e restaurar os níveis de andrógenos em homens com DE.  Requer-se maior atenção aos tratamentos conservadores de fertilidade, dado que os homens mais velhos querem cada vez mais a paternidade.
 
Em forma recente questionou-se a utilização simultânea da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5-I, por sua sigla em inglês) e o TRT. Proposta originalmente como tratamento de resgate para aqueles sem resposta para a PDE5-I, esta estratégia tornou-se inapropriadamente em um tratamento de combinação. Os dados clínicos são consistentes quando interpretados no quadro adequado, enquanto a evidência molecular permanece contraditória.
 
Os autores concluem que um conjunto de evidência molecular e clínica suporta o uso de TRT em pacientes com hipogonadismo e DE, embora a relação risco-benefício é incerta em uma idade avançada. A avaliação crítica dessa evidência permitiu o desenvolvimento de um algoritmo dirigido pela fisiopatologia, destinado para evitar tratamentos inadequados e endossar o início do TRT, PDE5-I unicamente, ou ambos. Achados aparentemente divergentes se reconciliam quando o TRT é indicado corretamente. Por causa das muitas opções disponíveis, recomenda-se um diagnóstico melhorado e uma gestão individualizada.
 
Fonte: Medcenter