A falta de elementos de RNA de espermatozoides está correlacionada com a esterilidade masculina idiopática

A falta de elementos de RNA de espermatozoides está correlacionada com a esterilidade masculina idiopática

A infertilidade afeta 15-20% dos casais em idade reprodutiva e é definida como a incapacidade de completar uma gravidez posterior a um tempo razoável de relações sexuais sem tomar medidas anticoncepcionais. A Organização Mundial da Saúde (OMS), assim como a Sociedade Europeia de Reprodução e Embriologia Humana (ESHRE), consideram infértil um casal quando a gravidez não ocorre em um prazo mínimo de dois anos.

Karina Beatriz López-Ávila e cols. expõem em seu artigo publicado na Revista Biomédica, que a infertilidade conjugal é atualmente um problema de distribuição mundial e magnitude crescente; e calcula-se que 20 a 35% dos casais que desejam procriar não podem ter filhos e que o fator masculino é responsável por um 30 a 50% desses casos.
 
A equipe sugere que quando os defeitos correspondem à mulher, aproximadamente 40% se deve a insuficiência ovulatória; 40% se deve a doença do endométrio ou as tubas uterinas; 10% se deve a causas pouco frequentes, tais como doença da tireoide, e 10% permanecem indefinidas.
 
Por sua parte, Meritxell Jodar e cols. explicam em seu estudo publicado na revista Science Translational Medicine, que os parâmetros do sêmen no geral são utilizados para diagnosticar a esterilidade masculina e determinar as intervenções clínicas. Em casais com esterilidade idiopática, um fator masculino desconhecido poderia ser a causa da esterilidade, mesmo que os parâmetros do sêmen sejam normais.
 
A equipe explica em sua investigação que o sequenciamento de nova geração do RNA de espermatozoides pode representar uma medida objetiva da contribuição paterna e ajudar a guiar a atenção a estes casais. Por isso avaliaram os RNA de espermatozoides de 96 casais que apresentavam esterilidade idiopática e identificaram o resultado final na reprodução e os elementos de RNA de espermatozoides (SRE) que refletem um estado de fecundidade.
 
A falta de SRE necessários reduziu a probabilidade de obter um nascimento vivo mediante o coito programado ou a inseminação intrauterina, de 73% para 27%. Entretanto, a falta destes mesmos SRE não parece ser decisiva ao utilizar as técnicas de reprodução assistida como a fecundação in vivo com e sem injeção intracitoplásmica de espermatozoide.
 
Aproximadamente 30% dos casais com esterilidade idiopática apresentaram uma série incompleta de SRE necessários, o que indica um componente masculino como a causa de sua esterilidade. Ao contrário, a análise de casais que não obtiveram um nascimento vivo, apesar de apresentar uma série completa de SRE, revelou que pode intervir um fator feminino e isto foi confirmado por seu diagnóstico.
 
Finalmente, a equipe considera que os dados que obtiveram em seu estudo parecem indicar que a análise de SRE tem o potencial de prognosticar a taxa de êxito individual de diferentes tratamentos de fecundidade e reduzir o tempo em que se obtém o nascimento vivo.
 
Referências: 
 
Meritxell Jodar et al, Absence of sperm RNA elements correlates with idiopathic male infertility. Science Translational Medicine. 08 Jul 2015: Vol. 7, Issue 295, pp. 295re6 DOI: 10.1126/scitranslmed.aab1287
 
Karina Beatriz López-Ávila et al, Infertilidad humana causada por Mycoplasma spp. Revista Biomédica. 2014; 25:74-90
Fonte: Medcenter