As pessoas idosas têm um alto risco de reingresso hospitalar depois de operações ambulatoriais

As pessoas idosas têm um alto risco de reingresso hospitalar depois de operações ambulatoriais

Erros na medicação e a confusão em torno dos cuidados pós-operatórios levam reingressos custosos.

Quatro analgésicos recebidos incorretamente em uma hora em vez de quatro por dia

Os pacientes necessitam de melhores instruções compreensíveis quando recebem a alta.

Mais de nove milhões de operações ambulatoriais são realizadas a cada ano em pacientes idosos.

Pacientes de 65 e mais anos de idade que se submetem a tratamento cirúrgico ambulatorial têm muitas mais probabilidades de ser reingressados ao hospital após 30 dias que os pacientes mais jovens, independentemente de sua saúde antes da intervenção cirúrgica, informa um novo estudo extenso nacional da Northwestern Medicine. A causa provável, baseada em pesquisa prévia, é a dificuldade para compreender a administração das medicações e as instruções depois da alta, bem como a alteração cognitiva em pacientes idosos.

O estudo revelou que a idade é um fator de risco independente para as complicações cirúrgicas ambulatoriais, o qual previamente se desconhecia.

Durante um período de 30 dias, os pacientes idosos tiveram 54 por cento mais probabilidades de ser reingressados no hospital, em comparação com os menores de 65 anos, informa o estudo, depois do ajuste a respeito de diferenças em outros problemas médicos. O problema provavelmente piore à medida que as pressões econômicas para reduzir os custos da atenção à saúde levem a operações ainda mais complexas em um contexto ambulatorial, disseram os autores.

"Estes pacientes idosos supostamente deveriam permanecer fora do hospital, já que os procedimentos foram realizados em um contexto ambulatorial, mas foram reingressados ao hospital depois de 30 dias", disse o autor para correspondência, Dr. Gildasio De Oliveira Jr. "A idade foi o fator mais importante relacionado ao reingresso e às complicações. Não é que estejam mais graves, mas eles são mais velhos e têm problemas para compreender as instruções de sua alta e a administração da medicação, as quais frequentemente não se explicam claramente".

De Oliveira é professor assistente no Centro para Estudos de Atenção à Saúde na Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern e médico do Hospital Northwestern Memorial.

Para evitar os reingressos custosos, os pacientes idosos necessitam de instruções para a alta mais claras e mais compreensíveis e deve ser avaliada sua necessidade de autoatenção depois da operação, disse De Oliveira, quem também é professor assistente de anestesiologia em Feinberg.

No estudo de reingressos hospitalares de pacientes idosos, que foi publicado no número de agosto no Journal of the American Geriatrics Society, analisaram-se dados de 53.667 pacientes que se submeteram a operações ambulatoriais em centros médicos acadêmicos. Os autores utilizaram a série de dados do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade Cirúrgica de 2012.

As pressões econômicas para reduzir os custos da atenção à saúde deram lugar a um incremento de 300 por cento nas operações ambulatoriais no último decênio. Agora, são realizados mais de 70 por cento dos procedimentos cirúrgicos em um contexto ambulatoria, o que inclui operações mais complexas, como histerectomia, operações da coluna e operações tireoidianas. Aproximadamente nove milhões de operações ambulatoriais são realizadas a cada ano em pacientes de 65 e mais anos.

"Quando os pacientes são enviados para sua casa no mesmo dia, é necessário muito para obter o autocuidado, e isto vai além da capacidade de muitos indivíduos idosos", disse De Oliveira. "Eles têm que tomar opiáceos e fazer automonitoramento em relação a se surgirem problemas urgentes, como hemorragia e infecção."

As pessoas idosas, das quais 44 por cento têm uma deficiente educação em saúde, podem ter dificuldades para compreender como se prescreve a medicina e tomam demais ou muito pouca. A administração da medicação analgésica pode levar a problemas cardiovasculares e a uma cicatrização deficiente da ferida, além de aumento da dor, disse De Oliveira. A deficiente educação em saúde dos pacientes idosos não necessariamente está relacionada ao nível de formação educativa ou à posição socioeconômica, explicou.

Em um estudo subsequente, que é realizado na Northwestern, os investigadores sugeriram que uma paciente, que tinha sido submetida a uma tumorectomia, tirou as faixas estéreis que mantinham junta a ferida, em vez de só trocar a gaze. Teve que voltar ao cirurgião. Outro paciente tomou quatro pastilhas de opioide em uma hora em vez de quatro ao dia e acabou no serviço de emergências.

A solução é conseguir instruções para a alta mais claras, adaptadas aos pacientes idosos, disse De Oliveira.

"Antes de permitir aos pacientes submeter-se a operações ambulatoriais, os cirurgiões também deveriam verificar se os pacientes têm a capacidade para cuidar de si mesmos na casa ou se necessitam de apoio", disse De Oliveira. "Do contrário, os pacientes devem ser ingressados no hospital depois de operações ou receber algum tipo de suporte formal por uma enfermeira que os ajude na casa".

 

Fonte: medcenter.com