Médicos protestam contra programa

Com jalecos brancos e faixas pretas atadas aos braços, cerca de 400 profissionais e estudantes de Medicina marcharam, ontem, pelas ruas do Centro, protestando, mais uma vez, contra o Programa Mais Médicos para o Brasil, que, dentre outras medidas, permite a contratação de médicos estrangeiros sem revalidação do diploma obtido no exterior e estabelece o prolongamento dos cursos de Medicina por mais dois anos. A categoria, que aproveitou o dia em que a presidente Dilma Rousseff esteve em Fortaleza para realizar a mobilização, também reivindicou contra os vetos ao Ato Médico.

Cerca de 400 pessoas aproveitaram a visita da presidente Dilma e saíram em passeata da Praça Clóvis Beviláqua até a Praça do Ferreira Fotos: Natinho Rodrigues

Os manifestantes se concentraram na Praça Clóvis Beviláqua e caminharam em direção à Praça do Ferreira gritando palavras de ordem. Segundo José Maria de Melo, presidente do Sindicato de Médicos do Ceará (Simed), o movimento foi uma forma de mostrar o descontentamento dos profissionais da Saúde com as recentes decisões do governo federal. Para ele, a implantação do Programa e a suspensão do ato que regulamenta a profissão consistem em um "complô" contra a categoria.

"Estão jogando a população contra os médicos, mas não vamos aceitar porque não somos culpados pelo caos na saúde pública, somos vítimas. Nosso desejo é que não tenha mais pessoas sendo atendidas no chão. Queremos orçamento e melhorias nas unidades básicas de saúde e nos hospitais", destaca o gestor.

Apesar de correr nas redes sociais um movimento organizado por médicos brasileiros que incentiva outros profissionais a se inscreverem na iniciativa com o intuito de boicote, José Maria afirmou que, pelo menos no Estado, não foi dada nenhuma orientação por parte das entidades sobre o assunto.

Devido à suspeita de boicote, o programa exigirá que o candidato faça uma declaração no ato da inscrição dizendo estar disposto a desistir de vagas de residência ou do Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab) que ele ocupe atualmente.

Para os próximos dias, o Simed planeja realizar paralisações parciais das atividades em hospitais, postos de saúde e outras unidades médicas. Somente as áreas de urgência e emergência devem funcionar. O movimento está programado para os dias 23, 30 e 31 deste mês.

Com o objetivo de incentivar a adesão de municípios cearenses ao Programa Mais Médicos, o secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, participa, hoje, de uma mobilização com prefeitos e secretários de Saúde do Estado. O evento será realizado em Fortaleza, às 9h, no Centro de Eventos.

VANESSA MADEIRA
REPÓRTER

ENQUETE

Você apoia a manifestação?

"Acompanho os protestos e apoio. O Brasil já é cheio de médicos, por que não coloca no Interior? Não é certo trazer profissionais que ninguém conhece e sabe a qualificação"

Luciano Nascimento
Contador

"Eles têm toda a razão. O governo tem que consertar os hospitais para os médicos trabalharem. Não tem nem gaze e seringa. Os médicos estão desanimados porque não há estrutura"

Luiza de Marilac Barreto
Pesquisadora